quarta-feira, 30 de março de 2011

Como ser Cômico?

Pra mim essa questão sempre foi muito fácil de responder. Eu sempre fui a “engraçadinha”. Em todos os sentidos, mesmo!  Era a criança que sempre fazia as piadas sacadinhas , a amiga que sempre tinha uma história engraçada pra contar.
Quando começamos a estudar Bergson sempre discutíamos o fato de ser engraçadinho e o de ser cômico. Daí que os medos e as dificuldades começaram a aparecer , descobri  que as brincadeiras entre os amigos  e as piadas eram bem diferentes do que ser um ator cômico. Depois de tentar vários caminhos , vários corpos, várias improvisações, umas bem boas e outras  sem tanto sucesso, chegou o texto. Apartir daí que comecei a prestar atenção na importância do dramaturgo e de “nossos dramaturgos”; foi apartir do texto que a Fátima começou a nascer!
Quando você tem um texto rico na sua mão fica muito mais fácil criar. Talvez isso seja um agradecimento. Um agradecimento da “Fátima” e acima de tudo um agradecimento da atriz.

Obrigada Antônio Nicodemo!
Obrigada Tuane Vieira!
Espero que vocês gostem da Fátima.
E um bom espetáculo pra todos nós!

Sejam bem vindos a “Nova Canaã”!
Cibele Zuchi - Fátima

sábado, 19 de março de 2011

Palavras da mudinha.

Tem que ser comédia! Com...Texto Colaborativo? Idéias coletivas? Processo colaborativo? Criação coletiva? Roteiro coletivo? Dramaturgia colaborativa? Sei lá no que isso vai dar, a única certeza é: Tem que ser comédia!
Qual pode ser o resultado da junção de dois anjos, uma bunduda, três putas atrapalhadas, um pseudomachão e uma pseudolésbica? No mínimo muita bagunça e boas risadas, isso nos basta.
Acreditei na idéia e no potencial do grupo em fazermos uma comédia primeiramente pela grande capacidade que temos de nos fazermos rir de nós mesmos, mas confesso que o Bergson me deixou muito preocupada. Era tudo tão mais fácil quando a comédia me era instintiva e hoje posso dizer que fazer comédia tem sido uma das coisas mais detalhadas, pensadas e sérias que já fiz, ou melhor, estou fazendo.
Como assim ser uma puta muda? Como assim ser muda? É possível se comunicar sendo muda? Tenho medo. Medo de que? De ser ridícula? Não, isso confesso que tenho até facilidade. Bom, até agora não sei como me convenci em ser a puta muda, mas talvez tenha sido quando vi alguém que confio rindo de mim quando tentei me fazer de muda. Foi aí que descobri o segredo pra perder o medo. Me convenci tentando e percebi que essa tem sido nossa eterna busca: tentativas, medos, riscos, muitas idéias, discussões, confiança no outro e finalmente o convencimento de que é aquilo e ponto.
Não me sinto uma puta fazendo o que fazemos nas cenas e muito menos uma muda, mas acredito no que faço porque tenho um grupo que acredita em mim mesmo nas horas que eu mesma não acredito. E depois se vão rir de nós ou não, isso veremos depois, eu tenho rido muito e é o que tem valido a pena. Depois que percebemos isso nada muda, mas qualquer coisa pode se transformar numa comédia desde que seja “alto, forte e brilhante”.
Pois então que Bergson nos fortaleça e nos faça brilhar chegando assim cada vez mais alto. Fiquem a vontade para adentrar a mais uma de nossas neuras, dessa vez em Nova Canaã.
Lígia Berber - Rosário

A secretaria do Senhor

"Fervas, o Neura quer fazer uma comédia..."

Foi ai que se deu o primeiro passo para uma outra fase na minha vida. Como assim?? O Neura quer fazer uma comedia?? Porra!! Eu quero participar disso!!
E entre encontros e desencontros, entre certezas e incertezas, saí de uma outra montagem e fui aprender (ou tentar) ser cômica.
E gente!!!! Como é dificil ser cômico!!!

Como assim o inanimado vai se tornar cômico??? Como assim dar risada é algo racional??? Como assim a secretaria tem que estar distraída e eu atenta?? Afinal, estamos falando de comicidade ou mecanicidade?? Opa, peraê, repeti as três vezes mesmo?? Apareci com a surpresa na quarta?? Senão eu proponho que role uma inversão ou uma bola de neve ou uma caixa de surpresa...

Foram meses de estudo para aprender tudo isso. E colocar em prática todo esse estudo foi a coisa mais maravilhosa!!!
Os 'núcleos' foram formados, as improvisações foram feitas e as risadas saíram!!! E o processo ficando cada vez mais gostoso... Nunca foi tão engraçado ver duas pessoas vendo um filme na tv, ou três destrambelhadas atrás de um rato, ou um simples encontro em um elevador...
Vamos, vamos!! Para ser cômico tem que ser ridículo!! E foi isso que aconteceu!! O Teatro da Neura se permitiu ser ridículo numa sala de ensaio, e com isso o processo cresceu e as risadas aumentaram...

E o que eu vou esperar daqui pra frente??? Vou esperar risadas, eu só quero risadas!! Quero que em maio, todos os meus sábados sejam recheados de gargalhadas. Quero ter que me controlar para não rir junto com uma platéia, quer ver lágrimas nos olhos, barrigas doendo e maxilares cansados... Quero me divertir, assim como me divirto aprendendo todas as quartas e sábados...

Abraços apertados e um tanto desengonçados.
.Nanda Gomes - Secretária do Senhor

O diretor

A trajetória de uma comédia ainda é um terreno espinhoso. Parece que rir, antes de ser o melhor remédio, ainda é uma dose que desce apertado pela garganta de quem a produz.

É preciso muita energia para produzir felicidade – mesmo que momentânea – e assim, extrair de cada ator ou atriz o local de onde isso se produz exatamente naquela hora e naquele espaço – cada vez mais complicado de se firmar – durante todo o processo de criação.

E é tão mágico quando essas forças se encontram! Aquela comunhão de sorrisos, risos, gargalhadas que noz faz pensar que estamos no caminho certo e que as feridas se cicatrizam tão fácil. Basta um bom riso.

Mas até lá, tem muita coisa a se conquistar.

Com Nova Canaã, cada filme, cada livro, cada bate papo sobre improvisações, cenas prontas, novas marcações, novos corpos surgindo, vozes aparecendo e personagens nascendo, nos fazia avançar mas também pensar.

E essa racionalidade nos foi fundamental para entender como pode ser prazeroso o momento do encontro da criação com objetivo e o objetivo propriamente dito, ou seja, o riso.

Mas é chegada a hora de se divertir! Se divertir num lugar onde pessoas comuns são colocadas numa oportunidade única de serem melhores. Se divertir com pessoas enviadas do céu que atrapalham tudo quando chegam aqui na Terra. A troca de papéis numa bagunça de dar dó.

Só poderia acontecer com eles mesmo.





 A técnica necessária para se chegar a um efeito cômico sempre funciona?

quinta-feira, 17 de março de 2011


Escrever pra rir...

“Que pecado!” é a exclamação que sempre vem, logo depois de um riso, quando explico o enredo de Nova Canaã. Quando não ouço algo do gênero: “Vocês não tem medo de irem pro inferno?”
Quando eu falo que fui  batizado, fiz catequese, crisma, coroei Maria e sempre achei encontro de casais um maximo, algumas pessoas acham graça.
Ficava aqui pensando, eu que sempre fui ratinho de igreja e que aos 17 anos troquei a Bíblia pelo Nelson Rodrigues, onde iria usar “tudo aquilo” que me passaram aos domingo das 07h às 14h.
Já se tinha um esboço de pensamento para comédia do Teatro da Neura, não era um puteiro, nem eram anjos, quem desceria era o próprio Cristo, desmemoriado em um apartamento.
Algo nisso ainda não me agradava, eu achava a ideia tão fraca.
Pensa daqui, repensa de lá, troco figurinhas com minha amiga dramaturga e veio a primeira idéia de texto, que por sinal, difere muito da atual e junto com as idéias a crise :Eu não sei escrever comédia!
E olha que o Bergson me indicou diversos caminhos, mas não adiantava ler, reler, assistir o mestre Chaplin nem focar na solidão do espaço e no “em qualquer buraco do mundo” do Bagdad Café.
Ah, seria tão mais fácil um casal de amantes brigando, santos se pegando durante a ceia ou fazer uma “sacranagem” em uma nuvem qualquer a mando de Deus!
Eu e a Tuane pensávamos de tudo, e tudo não era o bastante. Nada do que eu escrevia ou dividia com ela, tinha graça suficiente pra ser um espetáculo.
Levamos propostas de personagens, propostas de cenas, vimos  nossas idéias tomarem proporções gigantes com nossos atores, e aos poucos, depois de ter jurado pra mim e anunciado a ela  que eu não a escreveria, nasceu Nova Canaã.
Bem melhor do que eu pensava e bem mais engraçada do que eu podia imaginar.
E disso tudo, mesmo acreditando que Nova Canaã é incrível, escrever comédia meus amigos, não teve graça nenhuma.