“Que pecado!” é a exclamação que sempre vem, logo depois de um riso, quando explico o enredo de Nova Canaã. Quando não ouço algo do gênero: “Vocês não tem medo de irem pro inferno?”
Quando eu falo que fui batizado, fiz catequese, crisma, coroei Maria e sempre achei encontro de casais um maximo, algumas pessoas acham graça.
Ficava aqui pensando, eu que sempre fui ratinho de igreja e que aos 17 anos troquei a Bíblia pelo Nelson Rodrigues, onde iria usar “tudo aquilo” que me passaram aos domingo das 07h às 14h.
Já se tinha um esboço de pensamento para comédia do Teatro da Neura, não era um puteiro, nem eram anjos, quem desceria era o próprio Cristo, desmemoriado em um apartamento.
Algo nisso ainda não me agradava, eu achava a ideia tão fraca.
Pensa daqui, repensa de lá, troco figurinhas com minha amiga dramaturga e veio a primeira idéia de texto, que por sinal, difere muito da atual e junto com as idéias a crise :Eu não sei escrever comédia!
E olha que o Bergson me indicou diversos caminhos, mas não adiantava ler, reler, assistir o mestre Chaplin nem focar na solidão do espaço e no “em qualquer buraco do mundo” do Bagdad Café.
Ah, seria tão mais fácil um casal de amantes brigando, santos se pegando durante a ceia ou fazer uma “sacranagem” em uma nuvem qualquer a mando de Deus!
Eu e a Tuane pensávamos de tudo, e tudo não era o bastante. Nada do que eu escrevia ou dividia com ela, tinha graça suficiente pra ser um espetáculo.
Levamos propostas de personagens, propostas de cenas, vimos nossas idéias tomarem proporções gigantes com nossos atores, e aos poucos, depois de ter jurado pra mim e anunciado a ela que eu não a escreveria, nasceu Nova Canaã.
Bem melhor do que eu pensava e bem mais engraçada do que eu podia imaginar.
E disso tudo, mesmo acreditando que Nova Canaã é incrível, escrever comédia meus amigos, não teve graça nenhuma.
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